Os jovens no final do ensino secundário (E.U.A.) passaram, em média, mais de 10 000 horas a jogar vídeojogos, mais de 10 000 horas ao telemóvel, mais de 20 000 horas a ver TV, cerca de 2,75 horas por dia a utilizar o seu PC, ... Estas tecnologias podem ser postas ao serviço do ensino para o tornar mais significativo e eficiente sobretudo quando se promove a criação de produtos pelos próprios alunos. Caso se pretenda "agarrar" e "envolver" os nossos alunos, é necessário que o processo de ensino-aprendizagem passe cada vez mais pelo digital. Neste vídeo existe uma defesa vigorosa da utilização das "novas" tecnologias ("velhas" para os alunos) ao serviço da educação: webquests, wikis, blogs, emails, iPods, Podcasts, telemóveis, GPS, ... Faz parte do esforço de uma Escola do Utah para a transformação do ensino com tecnologias (T4: Transforming Teaching Through Technology): http://t4.jordandistrict.org/t4/. Vídeo disponibilizado pelo YouTuber jsdt4 (Jordan School District Technology 4).
As ideias para a educação sugeridas por este vídeo vão no mesmo sentido das finalidades do Ciência na Escola.
É
interessante o Carlos ter iniciado esta discussão na fase em que o Ciência
na Escola finalmente conseguiu colaborar directamente com uma escola numa
iniciativa de criação de vídeos educativos por alunos.
A
iniciativa a que me refiro foi a Semana da Ciência na Escola Básica 23 da
Pontinha (http://www.eb23-pontinha.rcts.pt/) na qual fomos convidados pela Prof. Dulce Franco, coordenadora do Departamento de Ciências da escola, para filmar as experiências em exposição.
Desse convite surgiu a ideia de colocar os alunos no papel de cientistas, onde teriam que explicar as experiências e interpretar os resultados com o
objectivo de criar pequenos vídeos educativos.
Após
alguns dias de edição, gostava de divulgar em estreia absoluta os resultados (vídeos presentes em http://www.youtube.com/CEvideo)
Como
puderam observar, a atitude dos alunos perante este desafio foi excelente. Os
alunos, com maior ou menor dificuldade, conseguem explicar resultados,
apresentam uma postura descontraída mas muito concentrada ao longo das suas
intervenções e a mobilização de conhecimentos foi uma constante.
Estas
são as primeiras impressões que qualquer aluno ou professor observa quando vê
estes vídeos pela primeira vez. Mas uma observação mais rigorosa pode constatar
a mobilização de conhecimentos e o desenvolvimento de competências dos alunos
através desta estratégia pedagógica.
Desenvolvendo
esta afirmação:
Existem alunos
imediatamente motivados para o vídeo. Os que não estão interessados
inicialmente, perdem rapidamente a "timidez" e envolvem-se nas
tarefas. Com esta estratégia consegue-se mobilizar todos os alunos para
uma actividade de grupo, na qual estão concentrados nas suas tarefas e nas
dos colegas, desenvolvendo-se assim um forte espírito de entreajuda.
Os alunos são
responsáveis por apresentarem uma explicação consistente, o que implica
que preparem um guião prévio onde a mobilização de conhecimentos é
realmente efectiva, ao contrário de estarem simplesmente a ouvirem e
escreverem o que o professor dita. Através do papel activo que lhes é
pedido, os alunos mobilizam conhecimentos, desenvolvem competências na
oralidade, no rigor conceptual, assim como a concentração e a memorização.
Ao filmarem os
seus colegas, para além de aprenderem a utilizar uma câmara de vídeo,
desenvolvem a observação crítica, analisam e corrigem erros dos seus
colegas e desenvolvem a criatividade através de sugestões para o vídeo.
Obviamente que não se espera os melhores planos possíveis, pois é a
primeira vez que estão a utilizar uma câmara, mas a observação ganha um
novo rigor.
Mas
qual é o papel do professor nesta situação? O de sempre: aconselhar, corrigir,
orientar e avaliar. Cabe ao professor:
Introduzir os alunos às actividades e aos objectivos pretendidos sob a forma de
um desafio (os alunos reagem muito bem a desafios!),
Orientar os alunos durante a preparação do vídeo corrigindo erros conceptuais e
utilizando o reforço positivo após takes
bem sucedidos e mal sucedidos (não esquecer que existem alunos muito tímidos
que necessitam de um empurrão amigo),
Aconselhar e gerir as ideias e sugestões dos alunos
Avaliar: O professor ao promover o papel activo dos alunos na criação dos
vídeos, assume um papel mais observador que lhe permite avaliar com maior
profundidade o processo cognitivo dos alunos no desenvolvimento de conceitos e
juízos e nas competências comportamentais.
Um
dado interessante! Sabem qual é a primeira pergunta que os alunos colocam após
virem uma câmara de vídeo? "onde é que vai ser exibido o filme?" Este
dado é muito interessante, porque primeiro revela uma apetência enorme para os
media, sendo a televisão e a Internet dois meios nos quais os alunos estão
envolvidos, e segundo, permite ao professor introduzir o Moodle como um suporte
para a divulgação de trabalhos e ideias dos alunos.
A
equipa do Ciência na Escola pretende envolver-se cada vez com as escolas e
professores no desenvolvimento destas actividades, onde os alunos assumem um
papel activo na sua aprendizagem através da criação de recursos em vídeo ou
outro suporte digital.
Aprender
através da criação de recursos digitais é uma das formas mais eficazes de
motivar os alunos para o trabalho escolar, de promover a criatividade e
desenvolver competências e conhecimento.
É
um dos nossos objectivos irmos às escolas trabalhar com alunos e colaborar com
professores para a divulgação de novas formas de aprendizagem e o
desenvolvimento de comunidade educativas.
Gostávamos
muito de saber da opinião de todos vós sobre estas ideias e colaboram convosco
com projectos semelhantes a este desenvolvido com a escola básica 2,3 da
Pontinha.
Num futuro próximo poderão ser os vídeos dos seus alunos a surgirem nos nossos fóruns!
P.S:
Um grande abraço para a Prof. Dulce Franco, uma fervorosa adepta das
tecnologias educativas e boa sorte na continuação do seu óptimo trabalho.