Tendo lido o artigo “Como a arquitectura está a ser mudada para…” e ouvido, de seguida, a prelecção de Sir Ken Robinson “Bring on the learning revolution!”, não consigo dissociar os dois. Quer-me parecer que aquilo que é sugerido para aplicar nos alunos deveria ser seguido na construção das escolas, ou seja, adequar as teorias e experiências dos outros (ainda que boas e com resultados comprovados), à realidade individual, primeiro do país e depois das regiões e dos próprios locais.
Como sugere (e bem) o Arquitecto Michael Toussaint é a arquitectura que deve servir a vida e não o inverso. Por isso não me parece possível fazer edifícios para uma determinada metodologia de ensino e depois fazer encaixar as pessoas, os seus hábitos culturais e respectivas mentalidades, nessa metodologia. Como habitual estamos a construir o “edifício” educativo pelo telhado. Primeiro tratamos das paredes e depois formatamos as pessoas para combinar com elas.
Parece-me não só mais sensato, mas de todo imprescindível, para podermos ter a metodologia de ensino que é preconizada, que se mudem os programas, que se adquiram os equipamentos e que se preparem as pessoas para que ela possa ser implementada. Contudo, é importante, não esquecer que as mentalidades são difíceis de mudar. Os hábitos culturais da sociedade em que estamos inseridos não se alteram de imediato, o processo é muito lento.
Seria realmente muito agradável, termos todos os nossos alunos com portáteis debaixo do braço a consultar a internet mas para isso seria necessário que a mentalidade dos nossos alunos mudasse e eles pensassem no computador como um instrumento de trabalho. Como se pode constatar a realidade dos nossos alunos é bem diferente. O computador é um brinquedo, um meio de diversão. Sempre que é utilizado na sala de aula para a realização de trabalho de pesquisa ou trabalho prático, lamentavelmente o professor constata que alguns alunos estão a consultar sites não permitidos ou que nada tem a ver com o assunto em questão ou, estão a jogar na Internet. São sempre situações delicadas que acarretam consequências indesejáveis.
Adoraria poder desenvolver trabalhos individuais com todos os alunos de acordo com as suas preferências, mas para isso teria de ter um programa que não fosse obrigatório e muito menos extenso. Os programas deveriam ser então opcionais, em que o aluno se inscreveria em módulos de acordo com os seus interesses pessoais tendo em vista o seu futuro profissional, tal como acontece em determinados cursos, no ensino superior. Mas, coloca-se outra questão, no ensino básico e secundário terão os alunos maturidade suficiente para saberem o que realmente pretendem do seu futuro profissional? Não será melhor fornecer um ensino mais abrangente que lhe forneça conhecimentos gerais para mais tarde poder realizar essas opções?
Apesar de tudo podem regulamentar, decretar e mandar aplicar, esta será sempre a parte mais fácil. Mais difícil será preparar a sociedade (mesmo a escolar) para essa mudança. Mas, todos sabemos, que é pelos mais novos, que se começa a transformar uma sociedade. E já que temos os edifícios preparados que tal darem-nos as outras condições para começarmos essa mudança já?
Conceição Pinheiro